domingo, 7 de março de 2010

Na 1ª pessoa...

As crianças são seres extremamente sensíveis à violência que lhes é dirigida. Cada qual reage de acordo com a sua própria personalidade. Já sofri, e talvez ainda sofra por causa dos meus tempos de escola. Sofri violência física e psicológica pelo meus “colegas” de escola. Não sei se esses “colegas” o faziam por maldade ou simplesmente por inocência, daí eu chamar-lhes de “colegas”.

Fez parte da minha rotina enquanto adolescente e durante o tempo de escola que os outros me chamassem nomes, gozassem comigo, faziam troça, excluíam de brincadeiras, humilhavam e ridicularizavam. Eu era um alvo perfeito, fraquinho e tranquilo. Sempre fui gozado por causa da minha forma marcada de falar pelo nariz. O ar franzino e o não ter jeito para o desporto muito menos para o futebol também não devem ter ajudado a passar despercebido.

Lembro-me bem de uma professora de educação física que me odiava e ajudava a que gozassem comigo, as aulas de educação física eram um tormento assim como o balneário, daí eu inventar desculpas para não fazer aula, bem me lembro dos meus “colegas” atirarem bolas para me acertar nas aulas de educação física, ou quando havia espectadores e eles a rirem-se de mim, são imagens difíceis de descrever e ao mesmo tempo difíceis de esquecer. Os encontrões nos corredores, esconderem a mochila e gozarem com os meus cadernos. A banalização destes jogos de poder entre as crianças e jovens leva, frequentemente, a reacções de indiferença, parte dos professores. Os meus pais tentaram alertar os professores, mas de nada adiantou. Eu tinha medo de ir para as aulas, eram as dores de cabeça e as dores de barriga, tinha vontade de mudar de turma e de escola.

Hoje, estes episódios são mais do que uma má recordação. Posso dar alguns exemplos pessoais dos efeitos prolongados que tudo isto provocou em mim... Acabei por me isolar, e viver a vida em sucessivos estados depressivos, sem vida social ou um crescimento saudável com amigos, estou sempre de pé atrás nas relações entre as pessoas, por medo não consigo lidar com situações novas para enfrentar estas situações preciso de estar sempre acompanhado por pessoas em quem confio. Tenho medo de estar sozinho fora de casa. Ainda hoje tenho a mania da perseguição.

Este é apenas o meu testemunho.