segunda-feira, 21 de abril de 2008

A mais bela lição de vida...

“Se por um instante, Deus se esquecesse de que sou uma marioneta de trapos e me oferecesse mais um pouco de vida, não diria tudo o que penso mas pensaria tudo o que digo. Daria valor às coisas não pelo que valem mas pelo que significam.
Dormiria pouco, sonharia mais, porque entendo que por cada minuto que fechamos os olhos perdemos sessenta segundos de luz. Andaria quando os outros param, acordaria quando os outros dormem. Ouviria quando os outros falam e como desfrutaria de um bom gelado de chocolate?!
Se Deus me oferecesse mais um pouco de vida, vestir-me-ia de forma simples, deixando a descoberto não apenas o meu corpo mas também a minha alma.
Meu Deus, se eu tivesse um coração, escreveria o meu ódio sobre o gelo e esperava que nascesse o sol. Pintaria com um sonho de Van Gogh sobre as estrelas de um poema de Benedetti e uma canção de Serrat, seria a serenata que eu ofereceria á lua!
Regaria as rosas com as minhas lágrimas para sentir a dor dos seus espinhos e o beijo encarnado das suas pétalas...
Meu Deus, se eu tivesse um pouco de vida... não deixaria de passar um só instante sem dizer ás pessoas de quem gosto que gosto delas, convenceria que cada mulher ou homem que é meu favorito e viveria apaixonado pelo amor.
Aos homens provar-lhes-ia como estão equivocados ao pensar que deixam de se apaixonar quando envelhecem, sem saberem que envelhecem quando deixam de se apaixonar.
A uma criança, dar-lhe-ia asas, mas teria de aprender a voar sozinha. Aos velhos ensinar-lhe-ia que a morte não chega com a velhice mas com o esquecimento.
Tantas foram as coisas que aprendi com vocês, os homens! Aprendi que todo o Mundo quer viver em cima da montanha sem saber que a verdadeira felicidade está ao subir a encosta.
Aprendi que quando um recém-nascido aperta, com a sua pequena mão, pela primeira vez o dedo do seu pai, o tem agarrado para sempre.
Aprendi que um Homem só tem direito a olhar outro de cima para baixo quando vai ajudá-lo a levantar-se!
São tantas as coisas que aprendi com vocês, mas que não me vão servir realmente de muito, porque, quando me guardarem dentro desta maleta infelizmente estarei a morrer!”
Gabriel Garcia Marquez

Este poema para mim é uma bela metáfora da vida, no entanto tenho de fazer um reparo, nós Homens não somos marionetas nas mãos de Deus, porque a partir do momento em que o fossemos, estaríamos a perder a liberdade que Deus nos deu. Deus fez-nos livres, por isso cada um aproveita a vida como quer e bem entende.

quinta-feira, 3 de abril de 2008

Boicotar os Jogos Olímpicos de Pequim (2008), China, sim ou não?

Em primeiro lugar, gostava de salientar que condeno todos os abusos dos direitos humanos por parte do governo chinês para com o seu povo, assim como também condeno a opressão da China para com o povo Tibetano, acho que está na altura de se resolver este conflito.
Na minha opinião o boicote não é a solução, porque boicotar os Jogos Olímpicos é boicotar os esforços desportivos dos atletas, para quem põe em jogo uma carreira, uma vida, boicotar os Jogos Olímpicos é condenar o povo chinês ao submundo dos marginais, em permanente ódio com o Ocidente, e cada vez mais afastados da transparência.
Nos Jogos da Antiguidade, os países abandonavam todo o conflito político-militar quando chegasse a época dos jogos. O próprio carácter internacional da competição teve início quando três reis de cidades-estado gregas assinaram um tratado de paz em Olímpia, prometendo enviar para lá, a cada quatro anos, os seus melhores atletas, obrigando-se a trégua caso estivessem em guerra. Em 1892, o Barão Pierre de Coubertin, decide recuperar os Jogos Olímpicos como forma de celebrar a paz entre as nações, numa época em que seu país acabava de ser humilhado numa guerra relâmpago com a Alemanha. Assim, ele lança sucessivos apelos, tanto aos governos assim como às entidades desportivas dos países mais poderosos da Europa, para que se voltem a realizar essas competições, à semelhança daqueles da Antiguidade. O século XX fez com que essa tradição fosse invertida: os Jogos é que se interromperam quando rebentavam guerras, e isso ocorreu três vezes até hoje (1916, 1940 e 1944). Essas duas guerras também viram morrer vários atletas, que acabaram por se converter em “soldados”, as guerras não eram só nos campos de batalha eram também dentro dos estádios para mostrar qual era o melhor país, cada atleta tinha de defender as cores da sua bandeira com unhas e dentes, mas a derrota nessa outra guerra é sempre inaceitável. A triste ironia faz parecer que os Jogos Olímpicos ainda precisam transcender o estatuto de instituição desportiva e passar a ser efectivamente uma força de união pacífica global, exactamente o desejo que o Barão de Coubertin deixou no seu testamento.
Dada a importância e a visibilidade dos Jogos para o mundo, estes têm também, nos últimos anos, sido usados como espaço para confrontos políticos e reivindicações, de que são os piores exemplos o massacre de Munique (1972), em que membros da comitiva israelita foram feitos reféns por extremistas palestinianos (morreram 11 atletas), e os boicotes aos jogos (1980 e 1984) durante a Guerra Fria, pelo bloco de países soviéticos e pelos Estados Unidos, respectivamente, e também o atentado à bomba ocorrido em Atlanta (1996).
Os jogos olímpicos têm como objectivo principal, a paz entre as nações, ao boicotarmos os jogos está-se a fazer exactamente o contrário daquilo que o Barão Pierre de Coubertin pretendia.
Estes conflitos entre nações, nomeadamente a China e o Tibete, devem ser resolvidos com o apoio de toda a comunidade internacional, estudando as melhores soluções, mas nunca misturar problemas políticos com os jogos olímpicos, ao fazer-se isto está-se a relativizar os fundamentos dos jogos, celebrar a paz entre as nações assim como a unificação de nações e povos. Um exemplo de aproximação e reconciliação entre os povos, de que os Jogos Olímpicos pretendem ser símbolo é, a Coreia do Norte e a Coreia do Sul, participaram nos Jogos de Sydney (2000) e de Atenas (2004) desfilando nas cerimónias sob uma única bandeira, existem negociações para que as duas participem a partir de 2008 com uma única delegação.



"Não estamos de forma alguma seguros que qualquer eventual boicote levasse a um maior respeito pela lei na China ou no Tibete. De forma alguma"

(Presidente da Comissão Europeia, Durão Barroso)


Por todos estes factos sou contra o Boicote á grande Festa do Desporto que são os Jogos Olímpicos, independentemente de se realizarem na China, nos EUA ou em qualquer outra parte do mundo.

terça-feira, 1 de abril de 2008

Amizade...

Tenho amigos que não sabem o quanto são meus amigos. Não percebem o amor que lhes dedico e a absoluta necessidade que tenho deles.
A amizade é um sentimento mais nobre do que o amor, eis que permite que o objecto dela se divida em outros afectos, enquanto o amor tem intrínseco o ciúme, que não admite a rivalidade. E eu poderia suportar, embora não sem dor, que tivessem morrido todos os meus amores, mas enlouqueceria se morressem todos os meus amigos! Até mesmo aqueles que não percebem o quanto são meus amigos e o quanto minha vida depende de suas existências...
A alguns deles não procuro, basta-me saber que eles existem. Esta mera condição encoraja-me a seguir em frente pela vida. Mas, porque não os procuro com assiduidade, não lhes posso dizer o quanto gosto deles. Eles não iriam acreditar.
Muitos deles estão a ler este texto e não sabem que estão incluídos na sagrada relação de meus amigos. Mas é delicioso que eu saiba e sinta que os adoro, embora não declare e não os procure. E às vezes, quando os procuro, noto que eles não tem noção de como me são necessários, de como são indispensáveis ao meu equilíbrio vital, porque eles fazem parte do mundo que eu, tremulamente, construí e se tornaram alicerces do meu encanto pela vida.
Sem que os meus amigos saibam, eu rezo pela vida deles. E me envergonho, porque essa minha prece é, em síntese, dirigida ao meu bem-estar. Ela é, talvez, fruto do meu egoísmo.
Por vezes, mergulho em pensamentos sobre alguns deles. Quando viajo e fico diante de lugares maravilhosos, cai-me alguma lágrima por não estarem junto de mim, compartilhando daquele prazer...
Se alguma coisa me consome e me envelhece é que a roda furiosa da vida não me permite ter sempre ao meu lado, morando comigo, andando comigo, falando comigo, vivendo comigo, todos os meus amigos, e, principalmente os que só desconfiam ou talvez nunca vão saber que são meus amigos!

Paulo Sant'Ana