terça-feira, 1 de abril de 2008

Amizade...

Tenho amigos que não sabem o quanto são meus amigos. Não percebem o amor que lhes dedico e a absoluta necessidade que tenho deles.
A amizade é um sentimento mais nobre do que o amor, eis que permite que o objecto dela se divida em outros afectos, enquanto o amor tem intrínseco o ciúme, que não admite a rivalidade. E eu poderia suportar, embora não sem dor, que tivessem morrido todos os meus amores, mas enlouqueceria se morressem todos os meus amigos! Até mesmo aqueles que não percebem o quanto são meus amigos e o quanto minha vida depende de suas existências...
A alguns deles não procuro, basta-me saber que eles existem. Esta mera condição encoraja-me a seguir em frente pela vida. Mas, porque não os procuro com assiduidade, não lhes posso dizer o quanto gosto deles. Eles não iriam acreditar.
Muitos deles estão a ler este texto e não sabem que estão incluídos na sagrada relação de meus amigos. Mas é delicioso que eu saiba e sinta que os adoro, embora não declare e não os procure. E às vezes, quando os procuro, noto que eles não tem noção de como me são necessários, de como são indispensáveis ao meu equilíbrio vital, porque eles fazem parte do mundo que eu, tremulamente, construí e se tornaram alicerces do meu encanto pela vida.
Sem que os meus amigos saibam, eu rezo pela vida deles. E me envergonho, porque essa minha prece é, em síntese, dirigida ao meu bem-estar. Ela é, talvez, fruto do meu egoísmo.
Por vezes, mergulho em pensamentos sobre alguns deles. Quando viajo e fico diante de lugares maravilhosos, cai-me alguma lágrima por não estarem junto de mim, compartilhando daquele prazer...
Se alguma coisa me consome e me envelhece é que a roda furiosa da vida não me permite ter sempre ao meu lado, morando comigo, andando comigo, falando comigo, vivendo comigo, todos os meus amigos, e, principalmente os que só desconfiam ou talvez nunca vão saber que são meus amigos!

Paulo Sant'Ana

6 comentários:

Hélder disse...

Nem sempre é fácil demonstrar a intensidade da amizade que se sente. Porque a distância não o permite, porque nunca surgiu uma situação oportuna ou porque não temos simplesmente coragem de fazê-lo. Por vezes essa grande amizade também não é recíproca, o que nos deixa também de pé atrás. Daí alguns amigos não saberem ao certo o que representam para nós e a importância que têm na nossa vida. Mas o mais justo é tentar mostrar aos poucos o quanto contam para nós, o quanto os respeitamos e apoiamos, nos bons e nos maus momentos.

Anónimo disse...

Este é, na minha opinião, o texto mais bonito que alguma vez publicaste... O mais verdadeiro... e o mais profundo... Não é teu, mas é lindo. E comoveu-me o facto de me ter identificado imenso... :) Já publicaste poesia, mas este é, não deixando de lado a beleza dessa poesia, o texto mais sentido, a verdade mais escondida apesar de tão visivel... :) adorei (já deves ter percebido)

Miranda disse...

É fantástico o mesmo, e tal como te disse, este é sem dúvida um daqueles textos que expressa exactamente aquilo que sentimos, mm não tendo sido nós a escrevê-lo.

e já agora obg por seres meu amigo:)

o vizinho do blog ao lado... disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
o vizinho do blog ao lado... disse...

Para responder à Serenity e a todos os meus amigos, vou citar Charles Chaplin,

“Cada um tem de mim exactamente aquilo que Deu, e cada um é responsável por aquilo que Deu”

por isso vocês são meus amigos, penso que ficaram esclarecidos.

Anónimo disse...

Este texto é muito bonito....Realmente a amizade nem sempre é um sentimento que se pode demonstrar, e acho que o melhor amigo é aquele que ajuda o outro mas sem ser necessário que o "outro" saiba e que o tente "recompensar"!
é por isso que eu acho que nós nunca sabemos quem são os nossos verdadeiros amigos, quando podemos ter um verdadeiro amigo ao nosso lado!

Beijinhos